domingo, 8 de dezembro de 2013

VOCÊS NÃO PASSAM DE FANTOCHES?


Por Edson Travassos Vidigal*

“Autoridades incompetentes acham que vocês não passam de fantoches. Bonecos para brincar. Autoridades incompetentes sabem que vocês estão em fila. E a fila não incomoda

A música “Autoridades Incompetentes”, da banda brasiliense Capital Inicial, já começava avisando: “vou denunciar autoridades incompetentes”. E seguia alertando: “quero antes te dizer, ninguém sabe o que pode acontecer. Ameaça aos privilégios. Você será detido e encostado na parede”.

Porém, conforme bradava meu pai, indignado, em um compacto de 33 rpm com um “jingle” cantado por Dominguinhos no “lado A” e um discurso inflamado no “lado B” (que há décadas atrás quase foi atravessado pela agulha de meu toca discos de tanto ser ouvido por um curioso aprendiz de feiticeiro),  “de nada devemos ter medo, a não ser do próprio medo”.

E o que falta a todos nós atualmente é ser mais “lado B”.

É não ter medo!

Não ter medo de mudar, de ser diferente. De denunciar, de se expor. De apresentar alternativas. Não ter medo de lutar contra o que está errado. De peitar os poderosos, as “Hotoridades” incompetentes de plantão, que posam nas colunas sociais e recebem medalhas e mais medalhas, pagas com o dinheiro público, que atestam sua vaidade, sua hipocrisia, e a podridão de todo um sistema que há muito está corroído pela corrupção e pelo falso moralismo devasso.

Não ter medo de ser chamado de louco, de sonhador, de utópico, de “sem noção”, de ingênuo. Não chegar ao ponto de ter vergonha de ser honesto.

Não ter medo de ser censurado pela mídia oficial, até porque, graças a Deus, vivemos na era da democracia digital, onde nossas vozes não podem ser sufocadas pelos que querem que as coisas permaneçam exatamente como estão. Amolecidas pela “cachaça de graça que a gente tem que engolir”, pela “piada no bar e o futebol pra aplaudir”,  por  “um crime pra comentar e  um samba pra distrair”, por  “essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui”.

O “lado A” é lindo e toca na rádio. Mas é o “lado B” que nos salva da fome. Fome de comida, de conhecimento, de verdade, de justiça. Fome do mínimo de dignidade para nós mesmos e para todos.

Deus lhe pague, Chico. 

Afasta de mim este “cale-se”.

Podem continuar tentando, mas não vão conseguir nos calar.

Pois pois


* Edson Travassos Vidigal é advogado, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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