domingo, 31 de agosto de 2014

MANUAL DOS PUDEROSOS DE PLANTÃO (PARTE 4)



Há quatro edições, em homenagem ao período eleitoral, a coluna A CIDADE NÃO PARA dedica-se a publicar, em partes, a série especial “Manual dos puderosos de plantão” (com “u” mesmo). Uma receita comprovada de como alcançar o poder e nele permanecer até o fim dos tempos (ou até que nós, cidadãos, não deixemos mais que nos enganem). 

Vejamos mais algumas técnicas, “da hora”, de COMO FAZER O ELEITOR DE TROUXA durante a campanha. Dicas preciosas para aqueles que pretendem se dedicar à profissão de sanguessuga social, e alcançar o tão desejado e disputado status de “puderoso de plantão”. Boa leitura!

1- PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA DE RÁDIO E TV - Bem, antes de tudo, a propaganda não é gratuita. É paga pelos cidadãos (a preço de ouro) às empresas de telecomunicações, que são concessões públicas e ganham dinheiro explorando um serviço público, que deveria ter função social (como manda nossa Constituição), mas tem servido apenas pra encher o bolso dos “puderosos” e ditar quais “puderosos” ascenderão e permanecerão no “puder”. Quando votaram a Lei Eleitoral, a propaganda ia ser gratuita. Mas o Dep. Fernando Gabeira (PV-RJ) ficou “com peninha” das emissoras de Rádio e TV e propôs que fosse paga (claro que depois elas ficaram “com peninha” dele também e o ajudaram a se reeleger...). De qualquer forma, pra você, “puderoso”, ela é de graça. E melhor: a legislação eleitoral diz que, quanto mais “puderoso” você for, mais tempo de rádio e TV você terá. Não é uma beleza? Não se preocupe porque os cidadãos nunca conseguirão entrar na política, porque quem é novo não ganha tempo de TV! (Rá! pegadinha do malandro...). Chame seu marqueteiro, sua agência de publicidade, capriche na maquiagem, nas frases de efeito que foram escritas pra você dizer e não se preocupe em decorar nada. Tem um monitor na câmera que vai passando tudo o que você tem que dizer e você só precisa ir lendo. Tome cuidado pra que o eleitor não perceba os seus olhinhos pra lá e pra cá enquanto estiver falando, porque senão vão perceber que você está lendo e não tem a menor idéia do que está dizendo…

2- COMITÊS ELEITORAIS E CASAS DE SIMPATIZANTES PAGAS - A legislação eleitoral não permite que um candidato pé de chinelo use “outdoors”, cole cartazes nas paredes etc. Mas não se preocupe. Você que é “puderoso” e tem muito “dindin”, pode alugar várias casas e terrenos e, sob o pretexto de montar um “Comitê Eleitoral”, encher o lugar (que, claro, fica nas vias públicas de maior movimento da cidade) de placas, outdoors, cartazes e tudo o que você tem direito. Ia me esquecendo: você também pode pagar pros cidadãos corruptos ou não esclarecidos, pra que eles “aluguem” o espaço de suas residências particulares pra você pôr cartazes, “mini-doors” etc. (quem tem casa em esquina se dá bem, já tem o dinheirinho do natal garantido). Só não esqueça de avisar o indivíduo que a legislação permite que ele se manifeste como cidadão consciente e tal, mas não permite que ele se venda ou alugue espaços de sua casa pra propaganda eleitoral. Diga pra ele que, se alguém questionar, responda: “Nãaaao, esse é o meu candidato de coração, desde que nasci. Sou cidadão consciente e estou fazendo a minha parte!” Se perguntarem: “Mas tem propaganda de 4 candidatos diferentes pro mesmo cargo?” ai o camarada responde: “Nada mais democrático, ora! Você é contra a democracia????”

3- DOBRADINHAS - Não se trata do prato típico de origem portuguêsa, feito de bucho de boi. Ao contrário, dá nó no estômago e indigestão braba no cidadão de bem. As tão famosas dobradinhas são os acordos eleitoreiros entre candidatos a cargos distintos. Por exemplo: Um candidato a deputado federal faz acordos com vários candidatos a deputado estadual, de regiões diferentes do Estado, de partidos diferentes, em troca de votos. Vale tudo. Tanto faz a ideologia de cada um desses partidos, afinal, a ideologia dos “puderosos de plantão” é apenas uma: “tenho que passar por cima de todo mundo, nem que pra isso eu tenha que passar por cima de todo mundo”. Tais acordos são de formatos variados, mas os mais tradicionais incluem troca de votos por votos, troca de votos por dinheiro, ou troca de votos por cargos públicos. Você me dá 10 mil votos pra deputado federal que eu te dou 5 mil votos pra deputado estadual. Você deve estar se perguntando como os puderosos garantem o que estão vendendo, comprando ou trocando, não é? Fácil, com a ajuda dos já aqui citados “líderes comunitários”. Os votos são garantidos, meu filho! Satisfação plena ou o seu dinheiro de volta. Normalmente os federais entram com o dinheiro na dobradinha e os estaduais entram com os votos, pois estão mais perto do “povo” (das pseudo-lideranças). Já viram o tanto de cartaz com um monte de gente junto? Pois é. Dobradinha, seu “minino”! O que você está esperando? Corra logo e faça o máximo de dobradinhas que puder. Com comunista, socialista, liberal, com o povo da oposição, da situação etc. Você sabe melhor que ninguém que “o que importa é ter puuudêeer !!!!!”


* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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sábado, 30 de agosto de 2014

1001 MOTIVOS PARA VOTAR EM EDSON VIDIGAL - MICHELO FRANCO



Depoimento de Michelo Franco sobre Edson Vidigal, candidato a deputado estadual pelo PTC, sob número 36222, em 2014.

EDSON VIDIGAL - VENTOS DE UM NOVO DIA



Jingle de campanha de Edson Vidigal, candidato a Deputado Estadual do Maranhão, pelo PTC, com o número 36222, nas eleições de 2014.

Gravado e mixado por Edson Vidigal, em seu Home Estúdio "Satori", em uma tarde de julho de 2014.

- Letra e música:  Edson Travassos Vidigal
- Arranjo: Rui Mario
- Gravação, edição e miragem:  Edson Travassos Vidigal
- Vozes: Edson Travassos Vidigal
- Voz cantando o número 36222: Marina Vidigal
- Sanfonas: Rui Mario
- Percussão: Dark

EDSON VIDIGAL - PROPAGANDA ELEITORAL 2014



Propaganda gratuita eleitoral veiculada no dia 29 de agosto de 2014, com o então candidato a deputado estadual EDSON VIDIGAL, pelo PDT, com o número 36222.

domingo, 24 de agosto de 2014

MANUAL DOS PUDEROSOS DE PLANTÃO (PARTE 3)



Há três edições, em homenagem ao período eleitoral, a coluna A CIDADE NÃO PARA dedica-se a publicar, em partes, a série especial “Manual dos puderosos de plantão” (com “u” mesmo). Uma receita comprovada de como alcançar o poder e nele permanecer até o fim dos tempos (ou até que nós, cidadãos, não deixemos mais que nos enganem). 

Semana passada começamos a aprender COMO FAZER O ELEITOR DE TROUXA durante a campanha. Existem infinitas formas já utilizadas por séculos, com eficácia comprovada. Veremos hoje mais algumas “da hora”, para aqueles que pretendem se dedicar à profissão de sanguessuga social, e alcançar o tão desejado e disputado status de “puderoso de plantão”. Boa leitura!

1- SORRISO DE PURO SANGUE - 10 entre 10 marketeiros afirmam que o eleitor não gosta de candidato de cara amarrada, sério (se gostassem nossa política não estaria como está...). Ao contrário, gostam daqueles bonachões, malandros, que estão sempre rindo de nossas caras de palhaço com um sorriso de orelha a orelha, mostrando toda a sua arcada dentária, branca e reluzente como a pureza das crianças. Afinal, nossa política está uma beleza, nossas cidades estão perfeitas, e nós não enfrentamos nenhum tipo de problema, não? Então sorria até fazer rugas nos olhos, mostrando a todos que você é o cara. Se seus dentes não estão tão brancos ou bonitos, não se preocupe. O Photoshop dá uma mãozinha. Aliás, pra tirar as fotos e filmar seus vídeos, capriche na maquiagem, passe um batonzinho esperto e, se for preciso, uma peruca também tá valendo. Se suas promessas são falsas, sua história de vida é falsa, suas intenções são falsas e tudo mais em você é falso, por que sua aparência teria que ser de verdade? Fique o mais retocado que puder, abra seu sorriso ao máximo, mostre seus dentes e fique bem na foto. O que importa não é o seu conteúdo (que você não tem), e, sim, sua aparência.

2- CARROS DE SOM - Você precisa mostrar força, presença, pegada! Alugue muitos carros de som, pague pros seus cabos eleitorais botarem aquele som pauleira no carro deles e ponha-os para infernizar a vida da população em suas casas, nos seus locais de trabalho etc. Ganha quem grita mais. Maque seu território, igual a um cachorro. Invada o lar das pessoas com suas musiquinhas ridículas que nada dizem e que grudam como chiclete em suas pobres cabecinhas. Isso passa a idéia de poder, de força. E as pessoas fracas gostam de quem tem força e poder. Lembra que ninguém torce pra time que não vai ganhar? Pois é. Mostre que você vai ganhar, e vai acabar ganhando mesmo. Porque você é quem tem o dindin. Por mais que seja um tremendo desrespeito obrigar os outros a ouvirem a sua barulheira, não faz mal. Você nunca respeitou ninguém mesmo, não pretende respeitar depois de eleito, então não é na campanha que vai respeitar, né?

3- BONECOS VIVOS - Falando em desrespeitar e em demarcar território como cachorro, não podemos nos esquecer de contratar “cabos eleitorais” para que fiquem horas debaixo do sol igual bonecos vivos balançando suas bandeiras nos cruzamentos. A população mais carente está há décadas na total miséria (física, cultural e política), então fará qualquer coisa pra ganhar um trocado. Qualquer 10 ou 20 reais que você der a eles será suficiente pra que vendam sua dignidade e sejam transformados em coisas a seu serviço. Aqui também vale a regra do desrespeito aos cidadãos. Pra quê respeita-los? Você não precisa deles, só de seus votos a cada 4 anos. Demarque o seu território com suas bandeiras a cada cruzamento. Se possível, alugue todos os espaços possíveis perto de tais locais, para encher de gente paga também. Dinheiro não é problema. Não sai mesmo do seu bolso…

4- CARTAZES E “MINI-DOORS” - Não tem como falar em desrespeito e em demarcação de território sem falar em cartazes e “mini-doors”. Demarcar território é importantíssimo, e você terá que fazer isso de todas as formas que conseguir. Seja colocando carros de som, bonecos vivos, comprando líderes comunitários etc. Se for preciso, urine mesmo em seus eleitores, em suas casas, em suas ruas, nos postes de seus bairros e em tudo mais. Cerque o seu território, marque o seu gado. Deixe bem claro a seus adversários que naquele local manda você, e que tudo e todos ali lhe pertencem. Encha todos os muros que conseguir com seus cartazes. É proibido colocar cartazes em áreas públicas, mas quem é que vai te impedir de fazer? Não tenha medo, simplesmente faça. Os demais puderosos de plantão estão do seu lado, e nada vai te acontecer. Cole cartazes, construa grandes placas com seus cartazes (“mini-doors”) e fixe-as nas áreas que você entender que sejam úteis aos seus propósitos. O que é público é seu também (!?!). Se você usa o dinheiro público como bem entende, porque não poderia usar também os espaços públicos??? Deixe sua marca em todos os lados. Mostre seus dentes e seu sorriso falso a todos que puder. Mostre a todos que quem manda é você. E antes de dormir olhe no espelho, inspire e diga pra si mesmo soltando todo o ar dos pulmões: “É êeeu que tenho o púudêeeer!


* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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domingo, 17 de agosto de 2014

MANUAL DOS PUDEROSOS DE PLANTÃO (parte 2)




Desde a edição passada, em homenagem ao período eleitoral, a coluna A CIDADE NÃO PARA dedica-se a publicar, em partes, a série especial “Manual dos puderosos de plantão” (com “u” mesmo). Uma receita comprovada de como alcançar o poder e nele permanecer até o fim dos tempos (ou até que nós, cidadãos, não deixemos mais que nos enganem)

Semana passada vimos os PREPARATIVOS DE CAMPANHA. Hoje começaremos a aprender COMO FAZER O ELEITOR DE TROUXA durante a campanha.

Existem infinitas formas já utilizadas por séculos, com eficácia comprovada. Veremos aqui apenas algumas “da hora”, para aqueles que pretendem se dedicar à profissão de sanguessuga social, e alcançar o tão desejado e disputado status de “puderoso de plantão”. Boa leitura!

1- PESQUISAS ELEITORAIS - Boa parte dos eleitores foram excluídos de nossa política. Foram alienados e convencidos de que eleição é como campeonato de futebol, com torcida organizada e festa dos vencedores. Ninguém quer torcer pra time que sabe que não vai ganhar (o velho “não vou desperdiçar o meu voto!”). Por isso é importante que você contrate algum instituto de pesquisa “tabajara” para, por meio de direcionamento dos questionários aplicados e da manipulação dos dados coletados, divulgar resultados onde você figure como franco favorito (existem vários por aí à venda disponíveis a quem puder pagar o preço). Não interessa se você não tiver nem o voto de sua esposa. Se sair uma pesquisa dizendo que você tem 110% dos votos, no mínimo você acabará tendo 120% (!?!). Até quem nem tem título de eleitor irá votar em você pra poder dizer que é “pé quente” e que o seu candidato é o melhor. Assim, quando você ganhar, o otário que votou em você “vai pra galera”, comemorar que o seu candidato ganhou, por mais que ele não tenha a menor idéia de quem você seja, ou se você tem ou não capacidade para cumprir com as obrigações do cargo ao qual você se candidatou.

2- CABOS ELEITORAIS - Por mais que a Constituição diga que democracia é o poder do povo, na prática, o povo não apita nada. Quem apita é o dinheiro sujo que você conseguiu juntar com as dicas dadas na parte 1 desse manual. Você não precisa perder tempo divulgando idéias, debatendo, explicando seus projetos e mostrando sua experiência aos eleitores para que eles cheguem à conclusão de que você é uma boa escolha. Pra quê isso? É mais fácil, rápido, seguro e garantido você comprar eleitores. Isso mesmo. A legislação permite que você possa comprar um percentual dos eleitores sob o pretexto de estarem “trabalhando” como cabos eleitorais na sua campanha. Esses “cabos eleitorais” podem ser usados das mais criativas formas. Eles não estão com você por ideologia, mas apenas porque precisam do seu dinheiro. Então você pode tratá-los da forma que quiser. Eles farão o que for preciso pra ganhar o seu dinheirinho, até serem usados como coisas, desrespeitados, mal tratados e enganados.

3- LÍDERES COMUNITÁRIOS - Se você não sabe por onde começar a comprar os eleitores, pode começar procurando os líderes comunitários. Alguns poucos são sérios e vão te expulsar de suas casas, mas a maioria vai te tratar com muito carinho, lamber o seu saco e com um grande sorriso no rosto lhe dizer quanto custa o “milheiro” de votos de sua comunidade, com pronta entrega, satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta. Se você quiser, e tiver bastante grana, nem precisa sair de casa pra se eleger. Esses caras fazem piquetes, queimam pneus, distribuem cestas básicas, enfim, fazem de tudo pra convencer seus vizinhos de que se preocupam com eles, de que são “lideranças da comunidade” que lutarão pelas melhorias do bairro etc. Depois vendem no atacado os votos de seus “liderados” aos puderosos de plantão que pagarem mais. 

4- PUXA-SACOS - Os cabos eleitorais ficarão igual idiotas balançando bandeiras pra você, ou segurando cartazes como se fossem bonecos de ar. Farão barulho nos sinais, em caminhadas, carreatas etc. Tudo o que você mandar eles fazerem, eles farão, pois é você que tem o dindin. Mas algumas coisas nem mesmo eles farão. Aquelas coisas descaradamente ilegais, sujas, rasteiras, nojentas, que serão necessárias para que você vença as eleições, terão que ser feitas por alguém, não? E não será você, pois afinal você é um puderoso de plantão e não pode ficar se trocando com sacanagenzinhas pequenas que qualquer um seria capaz de fazer. Você deve se concentrar só nas sacanagens gigantescas (como roubar dinheiro da merenda escolar, dos doentes nos hospitais etc). Assim você precisará de pessoas especiais, que concordam com tudo o que você diz, deixam o seu saco lustrado e fresquinho e chafurdam na lama por você, tudo isso apenas em troca do privilêgio de serem seus papagaios de pirata, o que lhes confere grande prestígio social e muitas possibilidades de grandes negócios com outros picaretas. Você nunca será um verdadeiro puderoso de plantão se não estiver sempre rodeado de puxa-sacos. Arranje logo um punhado deles, alimente-os bem e faça-os felizes deixando-os aparecer nas fotos!

Na próxima semana, a parte 3: COMO FAZER O ELEITOR DE TROUXA 2.


* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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domingo, 10 de agosto de 2014

MANUAL DOS PUDEROSOS DE PLANTÃO - PARTE 1




A partir dessa edição, em homenagem ao período eleitoral, a coluna A CIDADE NÃO PARA dedicar-se-á a publicar, em partes, a série especial “Manual dos puderosos de plantão” (com “u” mesmo). Uma receita comprovada de como alcançar o poder e nele permanecer até o fim dos tempos (ou até que nós, cidadãos, não deixemos mais que nos enganem). 
A de hoje se dedica aos PREPARATIVOS DE CAMPANHA. Picaretagens básicas e essenciais para aqueles que pretendem se dedicar à profissão de sanguessuga social, e alcançar o tão desejado e disputado status de “puderoso de plantão”. Boa leitura!

1- NETWORK - Invista em seus relacionamentos escusos. Promova jantares, viagens, orgias e outros tipos de eventos privê onde você possa esbanjar dinheiro e demonstrar que faz tudo o que for preciso para alcançar o poder. Convide empresários desonestos, políticos corruptos, prostitutas, banqueiros, especuladores financeiros, líderes sindicais pelegos, representantes de oligarquias e de setores influentes de nossa macro-economia, donos desonestos de planos de saúde, de empreiteiras, de empresas de transporte público, de laboratórios farmacêuticos, de veículos de comunicação. Se conseguir garantir a presença de juízes corruptos e “operadores” de grandes partidos (gente que tem como trabalho fazer caixa dois a partir do dinheiro público), melhor ainda. Suas festinhas precisam ser “sacanas” o suficiente para todos os convidados se sentirem “cúmplices” e parte de uma “irmandade”. Eles precisam saber que você é tão cretino quanto eles. Que você é farinha do mesmo saco. Daí virá a confiança mútua (quem tem teto de vidro não atira pedras).

2- ARRECADAÇÃO DE RECURSOS - A partir dos contatos que você fizer e mantiver em suas festinhas privê e em restaurantes badalados da cidade (o Piantella, em Brasília, é sempre uma ótima opção), com a ajuda de seus amigos, consiga dinheiro público desviado por meio de licitações dirigidas, convênios e contratos de repasse feitos a prefeitos e vereadores corruptos em troca de votos e dinheiro “em cash”, superfaturamento de obras públicas, desvio de recursos da merenda escolar, de material hospitalar, e outras coisinhas que, apesar de serem essenciais para a população, para você são inúteis, e não servem para se ganhar uma eleição.

3- DOAÇÕES DE CAMPANHA - O desvio de dinheiro dos cofres públicos tem duas vantagens: a primeira é que a população mais carente ficará sem os serviços públicos essenciais, na miséria, mais vulnerável a suas falsas promessas miraculosas, e mais dependente de favores pessoais que você fará a eles a conta-gotas com o uso do dinheiro roubado deles próprios (mas felizmente pra você eles não sabem disso). A segunda vantagem é que esse dinheiro será “lavado” e entrará limpinho no seu bolso, por meio de doações de campanha, feitas pelas empresas dos picaretas que estão fazendo parte de sua quadrilha. Os caras para os quais você desviou o dinheiro não te deixarão na mão, porque eles sabem que você não passa de uma prostituta que faz tudo pelo poder, e que continuará fazendo tudo o que eles quiserem que você faça, tanto nos parlamentos quanto nas prefeituras, governos dos Estados ou Presidência da República. Então não se preocupe. Não faltará dinheiro em sua campanha. Basta abanar o rabinho que o dinheiro aparecerá do nada, como se fosse mágica!

4- O MARKETING - Agora que você já tem a grana necessária, pode contratar um marqueteiro mercenário pra te ajudar a enganar os eleitores. Não tenha medo de que os seus adverários contratem todos e você fique sem nenhum. Tem marqueteiro picareta pra tudo quanto é lado, e a maioria dos bons joga pros dois lados, desde que você tenha alguns milhõezinhos pra agradá-los, claro. Uma coisa que ajuda bastante é você acertar com os donos de agências publicitárias que, caso ganhe as eleições, irá direcionar para suas empresas as licitações de publicidade institucional do órgão para onde você vai, e das empresas públicas que puder. Muitas agências farão sua campanha até de graça pra depois poderem mamar também nas tetas do dinheiro público, que, dizem, tem gostinho de mel.

5- PROBLEMAS COM A LEI - Esse ponto você nem precisa se preocupar. Você tem muito dinheiro e a legislação eleitoral ajuda tudo o que você precisar, afinal, quem a faz são os próprios que dela se utilizam, não é mesmo? Um dia você também ajudará seus colegas candidatos bandidos com alguma modificação calhorda na lei eleitoral. O ruim é que, quando você facilita a sua vida, facilita também a vida dos seus concorrentes. Mas isso não é tão problema assim. Porque a regra é: não mexa comigo que eu não mexo com você. Se você teve suas contas desaprovadas, ou cometeu alguns crimezinhos de leve, ou mesmo alguns ou muitos crimes bem sérios, não se preocupe que sempre vai ter alguém que vai dar um jeitinho pra você. Afinal, os puderosos de plantão sempre estão prontos a ajudar os amigos puderosos (nunca se sabe quando eles também vão precisar da sua ajuda…).

Na próxima semana, a parte 2: COMO FAZER O ELEITOR DE TROUXA.


* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

CARTA ABERTA SOBRE DOAÇÃO DE CAMPANHA (06.08.14)

Por Edson Vidigal 36222*

Ontem recebemos nossa primeira doação de campanha de alguém de fora da família (até então os recursos de nossa campanha se resumiam a R$ 5.000,00 doados por mim, frutos de meu atual salário como professor, e R$ 5.000,00 doados por minha mãe, servidora pública aposentada)
Recebemos da amiga Lourdinha Placido Silva Matheus e seu esposo Tupaceretan Matheus uma importante doação, de R$ 1.000,00 (mil reais).

O valor pode parecer pequeno comparado às milionárias doações de empresas que os demais candidatos recebem, mas é enorme para uma pessoa de bem, que ganha sua vida trabalhando honestamente, que luta para chegar ao fim do mês com as contas em dia, e que apesar de todas as dificuldades que encontra para viver em nossa sociedade de forma digna, tem consciência de seu papel como cidadão, e ainda acredita que pode fazer a diferença.

Políticos financiados por empresas devem satisfação a elas. Estão comprometidos com os investimentos feitos por entidades que visam apenas ao lucro.

Eu me recuso a aceitar qualquer centavo que seja de uma empresa. Mas aceito de bom grado todo tipo de ajuda ou apoio dos cidadãos de bem, aqueles com os quais posso me comprometer.

Meu compromisso é com o empoderamento dos cidadãos. Com a inclusão política de todos. Com a verdadeira mudança em nossa sociedade.

E é enorme a minha satisfação em ver que ainda existem pessoas que se sacrificam por aquilo em que acreditam. Que se entregam por uma causa justa. Que se engajam, que se comprometem. Pessoas que não aceitam apenas ficar olhando a tudo acontecer em cima do muro. Pessoas que sabem que só depende de nós mesmos os rumos de nossa vida.

Mahatma Gandhi sempre dizia que, quando a causa é justa, aparece ajuda de todos os lados. E tenho aferido essa verdade na prática.

Quando me propus, em Brasília, a abrir mão de meus cargos públicos, de minha aposentadoria, de minha estabilidade financeira, a fim de me engajar nessa luta política, eram apenas eu e alguns poucos amigos do Ministério do Esporte acreditando que era possível.

Quando voltei a São Luís, no meio do ano passado, com vistas a difundir o meu ideal e iniciar esse trabalho de agregação de pessoas de bem na luta por transformar a política do Maranhão, durante meses fomos apenas eu e meu amigo Samartony Martins, o único que, a princípio, acreditou.

Fomos durante meses chamados por todos de "românticos idealistas". Diziam-nos que éramos Don Quixote e Sancho Pança, cavaleiros errantes em uma cruzada romântica que não iria dar em nada.

Na convenção do partido, quando me filiei, éramos apenas eu, Samartony, Leo Estrela e Everton Pacheco.

Mas depois de um duro começo, logo foram aparecendo outros "românticos idealistas" que se uniram a nós, formando um incrível exército de Brancaleone, a vagar de porta em porta em uma cruzada por difundir idéias e sonhos.

Hoje, cerca de um ano depois do início de nossa cruzada por iniciar uma verdadeira transformação política, já somos mais de 50 pessoas engajadas no projeto MUITOS, por muitas cidades, tanto aqui no Maranhão, quando em outros Estados. O projeto MUITOS já está se propagando em cidades como Brasília, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, dentre outras.

Fico muito feliz e agradeço de coração a todos os amigos de nosso grupo MUITOS, por terem acreditado, por terem se esforçado, por terem tido coragem de serem chamados de loucos por muitos que deixaram de acreditar no bem e na verdade, que se deixaram acomodar em suas poltronas enquanto os "puderosos de plantão" foram ocupando todos os espaços e nos expulsando da vida política.

Agradeço do fundo do coração a nossa amiga Lourdinha Placido Silva Matheus e seu esposo Tupaceretan Matheus, por sua importante doação. Quem vive do fruto de seu trabalho sabe muito bem o valor de R$ 1.000,00 e a falta que essa quantia faz no fim do mês em nosso orçamento.

Essa doação foi um grande gesto de desprendimento, de coragem, de auto-sacrifício, de entrega por uma causa maior que nós.

Fiquei muito emocionado e comovido. E tenho me emocionado muito com todas as manifestações de apreço, com todos os votos de confiança que temos recebido, por todas as palavras de força, de incentivo.

Por todo o carinho com o qual todos nós do projeto MUITOS temos sido recebidos nas casas de pessoas simples, trabalhadoras, honestas, que por mais que tenham sido por toda a sua vida excluídas de nossa sociedade, ainda conseguem acreditar na democracia e na existiencia de pessoas boas, assim como elas, que podem fazer a diferença.

Agradeço do fundo do coração a Lourdinha e Tupaceretan por sua importantíssima doação, que será por nós destinada à confecção de 10.000 panfletos em formato A5 (15x21cm), ao custo de R$ 916,00, que estão sendo feitos na gráfica AQUARELA, conforme nota fiscal que disponibilizaremos em breve aqui na internet.

A doação de vocês propiciará a que a nossa mensagem chegue a muitas pessoas, e que, aos poucos, mais pessoas de bem conheçam o nosso projeto e se engajem nessa luta contra os "puderosos de plantão", a favor da cidadania e das pessoas de bem.

Nosso material gráfico atualmente se resumirá apenas a estes 10.000 panfletos em formato A5 (R$ 916,00), 20.000 panfletos 10x15cm (R$ 912,00), 1.000 adesivos 10x30cm (R$680,00) e 200.000 "colinhas eleitorais" 6x9cm (R$ 3.120,00).

Isso não é nem um grão de areia no deserto perto da quantidade dos infinitos rios de papel jogados nas ruas pelos candidatos financiados por empresas. Mas para nós é material suficiente para de boca em boca, um a um, possamos conversar com as pessoas sobre nosso projeto e dar-lhes impresso o endereço de nosso site, onde poderão conhecer melhor nossas idéias e propostas, e de onde poderão se engajar com os demais do grupo, empoderar-se a partir das ferramentas que estamos construindo, e levar empoderamento aos demais cidadãos.

Até agora os custos de nossa campanha se resumem a estes com material gráfico, a R$ 1.050,00 que foram pagos por 30 adesivos perfurados para vidros de carro (ao custo de 35,00 cada), a R$ 2.600,00 que serão pagos pela programação de nosso site, R$ 8.000,00 reais a serem pagos em 4 parcelas de R$2.000,00 pelo design de todo o material de nossa campanha e a R$ 6.100 reais a serem pagos, em duas parcelas, pelos matérias publicitários voltados à internet e pelo trabalho de administração de nosso site, de nossos perfis de campanha nas redes sociais e os demais trabalhos relativos à disseminação de nossos ideais na internet durante esses 3 meses de campanha.

Chamo a atenção para o fato de que todos estes valores relativos a serviços pregados são ridiculamente pequenos (quem trabalha com isso sabe) pelo único motivo de que TODOS os profissionais que foram citados acima fazem parte do projeto MUITOS, acreditam nele e cobraram muito menos do que seus preços normais, de forma a ajudarem o projeto.

Até agora nossa previsão de gastos não chega a 30 mil reais. Gastamos somente o que conseguimos ter a partir de dinheiro limpo, suado, honesto. E mesmo que consigamos mais ajuda, independente de o partido ter estipulado como teto de gastos para as campanhas dos candidatos a deputado estadual o valor de 1 milhão de reais, eu estipulei para a minha campanha o teto máximo de 100 mil reais, aconteça o que acontecer. Acredito que mais do que isso não é razoável para uma atividade democrática que deveria se sustentar no dinheiro de cidadãos trabalhadores, e não em financiamento de empresas que compram as eleições, a democracia e nossas vidas.

Faremos todo o possível para economizar e gastar da melhor forma possível cada tostão que recebermos. Esse é um compromisso intransigente com todos que se sacrificam pelo projeto e sabem o valor de seu suor, de seu trabalho.

Nossa campanha não terá o máximo de transparência possível, nossa campanha será TOTALMENTE TRANSPARENTE. Financeiramente e estrategicamente. Nada aqui é segredo e estamos a disposição de toda a sociedade para todos os esclarecimentos que qualquer um quiser.

Novamente agradeço emocionado a importantíssima doação recebida. Que seja a primeira de muitas outras de pessoas que acreditam. Não queremos dinheiro. Queremos cidadania. Se você doar apenas 1 real já está fazendo a sua parte, mostrando que se importa, que quer fazer parte dessa mudança. Que é um cidadão e que as empresas não podem comprar a sua cidadania. O seu voto. O seu poder de cidadão.

Todos os gastos que efetuarmos e todas as doações que recebermos serão postadas aqui, em nosso site, em todos os nossos canais de internet, devidamente documentados.

Espero que tenhamos uma lista grande de doadores em nossa campanha, com nomes de pessoas de bem conscientes, e valores coerentes com doações de quem ganha dinheiro vivendo honestamente. Não queremos fortunas. A democracia não pode estar à venda. Queremos apenas a sua participação, para mostrar a todos os demais, que você acredita, que você é dono de sua vida, e que o seu voto vale tanto quanto o voto de qualquer outro cidadão. E ele não está a venda.

Doe 50 reais, 10 reais, 5 reais, 1 real, o que for, apenas para que você possa nos ajudar a mostrar aos outros o seu exemplo. O exemplo de dignidade e cidadania. O exemplo de alguém que participa.

A cada dia que passa, somos mais MUITOS.

E, com certeza, ainda terão muito que nos respeitar.

pois pois.

Um grande beijo a todos os amigos e obrigado por sua paciência comigo, por sua vontade de mudar e de fazer a diferença.

#juntossomosmuitos.

* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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sábado, 2 de agosto de 2014

CARTA ABERTA (02.08.14)




Sei que muitos esperam que apareça um salvador. Um índio que desça de uma estrela colorida, brilhante. De uma estrela que virá numa velocidade estonteante, e que pouse no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante.

Sei que desde a vinda de cristo todos aguardam o seu retorno. Ou, enquanto isso não aconteça, esperam a aparição de um grande herói que possa lutar contra a tirania, a desigualdade, o mal em todas as suas formas. Que possa nos salvar daqueles que abusam de nossas vidas, de nossas esperanças, de nossos sonhos.

E isso é uma cultura incutida na cabeça de todos nós durante séculos, de forma a garantir que todos nós sejamos mansos, indefesos, despreparados, dependentes sempre de um outro alguém. 

De um dourado salvador, que nas horas convenientes sempre aparece na pele de um novo político novo, que representa o novo, a nova mudança, a nova esperança de novos dias, a nova alegria de viver. Um novo rosto que encobre as mesmas novas antigas práticas, os mesmos novos repisados vícios, os mesmos novos descaminhos que outrora foram seguidos por tantos outros novos antes deste.

Sempre o mesmo novo museu de grandes novidades.

Esse culto à personalidade que predomina em nossa política só nos leva a isso. A sermos iludidos de que alguém fará o que deve ser feito. A falsa ilusão de que alguém fará o que todos nós devemos fazer. Que podemos ficar sentados assistindo ao Faustão enquanto nossos heróis lutam e zelam por nós.

Ninguém fará o nosso trabalho. Ninguém fará por nós o que deve ser feito.

Nunca conseguiremos ser de fato livres enquanto não agirmos como tais. Donos de nossas escolhas, de nossos sonhos, de nossos pensamentos, de nossas ações.

Nunca nos livraremos da opressão, dos abusos de nossos governantes, enquanto não entendermos que esse salvador não existe. Que as únicas pessoas que podem nos salvar somos nós mesmos.

Se você quer algo, lute por isso. Faça o que deve ser feito. Não morra à espera de alguém que faça o que é o seu papel na sua vida.

Uma vez ouvi um relato de um velho político tradicional, que ainda se apresenta como novo apesar de seus lindos cabelos brancos, e de seus mais de meio século de vida política, que me fez parar pra refletir sobre toda a situação de nosso Estado de forma muito crítica, e a repensar posicionamentos meus antigos.

Ele me disse que entrou na política porque, ainda pequeno, criança, ao ver abusos cometidos contra a população, perguntou a alguém porque aquilo estava acontecendo. E lhe disseram que era a mando de um político mau, chamado Vitorino Freire. A partir de então ele decidiu dedicar a sua vida para salvar o Maranhão das garras de Vitorino Freire. E em sua cruzada contra o mal aliou-se ao herói da época, José Sarney, que tanto fez que conseguiu livrar o Maranhão de Vitorino Freire.

Tempos depois, continuou aquele político, percebeu ele que havia feito um grande mal lutando para ajudar José Sarney a alcançar o poder, pois Sarney não seria aquilo que ele acreditava. E se voltou contra Sarney, na tentativa de salvar o Maranhão das garras daquele falso herói. 

E isso tudo ele me disse como introdução para onde ele queria chegar. Dizer-me que havia aprendido a lição e não seria novamente enganado pelo herói que agora se apresentava à população. Que ele não iria cometer duas vezes na vida o mesmo erro (ou três). 

E não é que, para minha surpresa, esse velho novo senhor agora está pra lá e pra cá bebendo da água que havia jurado não mais beber? Mais uma vez se alistou na esquadra de um novo herói que salvará o Maranhão, como antes tantos outros também salvaram, e tantos outros continuarão ainda por toda a eternidade, jurando salvar.

E essa parábola (que não tenho certeza se é real ou ficção - qualquer coincidência é pura semelhança…) me levou a refletir, pensar, orar por sabedoria e compreensão necessárias para o discernimento.

E concluí que enquanto existirem heróis, sempre haverá fracos oprimidos a serem salvos.

Enquanto houver promessas de resolução, sempre existirão problemas a serem resolvidos.

Enquanto houver novos cavaleiros charmosos montados em seus negros corcéis, sempre existirão frágeis damas à espera de serem salvas, à mercê de serem abusadas.

Sinto desapontar alguns, mas eu não sou, nunca quis ser, e nunca serei um herói. Estou apenas fazendo a minha parte, cumprindo com o meu papel de cidadão. De pai, de marido. Estou apenas lutando contra a neblina que se instalou em nossa sociedade, em nossos pensamentos, que nos impede de ver o que de fato está acontecendo. Nos impede de entender o nosso verdadeiro papel nessa novela. 

O papel de protagonistas, e não de meros figurantes.

Estou apenas tentando fazer de minha vida um exemplo de que cada um pode fazer de sua vida um exemplo aos demais, e assim podemos todos construir uma sociedade mais justa, mais digna. Assim podemos criar nossos filhos para crescerem em um mundo melhor, livre de heróis e de bandidos. 

Livre de moinhos de vento e de donzelas assustadas.

Peço a todos os que convivem comigo, encarecidamente, que não me chamem de doutor. Não me chamem de deputado. Não caiam na armadilha que nos amaldiçoaram desse eterno culto à personalidade de alguns. Isso só serve para a discriminação social. Para a marginalização de muitos. Para o "endeusamento" de poucos.

Sou isso que vocês conhecem. Chato, Turrão, louco, persistente, insistente, sonhador, um pouco inocente, mas sobretudo consciente de muitos problemas que precisamos enfrentar se quisermos mudar nossa situação. E não podemos ceder às seduções das vaidades sociais, e ao mito do poderoso salvador.

Eu não posso salvar ninguém. Talvez nem a mim mesmo. 

Apenas juntos, acredito que possamos nos salvar a todos.

Um grande beijo a todos os amigos e obrigado por sua paciência comigo, por sua vontade de mudar e de fazer a diferença.


* Edson José Travassos Vidigal é candidato a deputado estadual nestas eleições pelo PTC, número 36222. É advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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