domingo, 29 de dezembro de 2013

APROVADO O ORÇAMENTO DE 2014 EM SESSÃO MARCADA POR POLICIAMENTO DO GOVERNO E INCISIVAS CRÍTICAS DA OPOSIÇÃO


assembleia

Nesta segunda feira (23), em sessão extraordinária, a Assembléia Legislativa finalmente aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2014.
De um lado, a votação do orçamento foi marcada por intenso policiamento do governo do Estado sobre os parlamentares da base governista, que, rebelados por conta do desejo de verem o valor de suas emendas parlamentares individuais aumentar de 3 para 5 milhões, adiaram enquanto puderam a apreciação da matéria. Quem acompanhou os trabalhos presenciou um tenso e inquieto deputado do PMDB correndo ofegante pra lá e pra cá com olhos atentos e ameaçadores sobre cada movimento dos demais parlamentares do governo, com vistas a garantir que o surto de rebeldia apresentado pelos deputados aliados não causasse nenhum desconforto à nossa governadora.
De outro, foi marcada pela indignação dos parlamentares da oposição, vendo seus destaques serem atropelados pelo trator do governo, que por fim teve seu orçamento aprovado como queria, aumentado de R$13 bilhões para R$14,1 bilhões, não obstante diversos cortes em áreas críticas para a população.
Críticas incisivas foram feitas, sem que, no entanto, alcançassem alguém interessado em ouvi-las, já que o povo, maior interessado, que deveria participar de tais discussões, ser visto e ouvido, ver e ouvir o que acontece no parlamento, infelizmente, nunca pode estar presente.
E não pode estar presente porque simplesmente desconhece o funcionamento de nossas instituições democráticas. E o desconhece porque, durante anos, tem sido excluído do exercício de seu poder político. Seja por meio da falta de investimento em educação, em saneamento, em segurança, em transporte público, em saúde, no desenvolvimento da produção e na geração de empregos; seja por meio do enorme investimento em publicidade, no carnaval, nas “x-folias”, na copa do mundo, nas olimpíadas, nos veículos de comunicação (todos pertencentes aos donos do poder) e em suas novelas, “big brothers” etc.
Pelo visto, no próximo ano o povo continuará sendo excluído de sua cidadania. Mas isso é bom. Assim terá bastante tempo para curtir o carnaval, o futebol, as novelas, os big brothers, as marafolias, as festas juninas, os buracos nas ruas, a falta de água em suas casas, a falta de esgoto, a falta de transporte público, a falta de segurança, a falta de hospitais, a falta de escolas… e principalmente a falta de vergonha na cara da maioria de nossos representantes eleitos.

*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.
Twitter: Edson_Vidigal
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e-mail: edsontravassosvidigal@gmail.com

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