segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

AO POVO O QUE É DO POVO!

Por Edson Travassos Vidigal*




“Mais dia, menos dia, vai chegar. Uma nova ordem que não vai mais tolerar nem abuso, nem mistificação. Ao povo o que é do povo. A César nem mais um tostão”.
Preciosas as palavras de Lulu Santos em sua música “Nova Ordem”. Palavras que nos encorajam a continuar lutando. Que injetam otimismo em nossa caminhada por dias melhores. Que dão a dica daquilo que, mais do que tudo, precisamos: ser intolerantes com os abusos e com as mistificações de pessoas.
A cada dia de nossas vidas, assistimos, da arquibancada geral, personalidades místicas de nossa política se digladiando entre si. Usando de todas as armas possíveis para garantir que sejam eles os líderes de cada uma de suas respectivas facções. E, se possível, que seja a sua facção a detentora dos louros do poder. Aqueles dourados louros que ficam descansados sobre suas orelhas de césar.
A cada dia, somos enganados por falsas notícias que jorram de seus jornais particulares, que encobrem a verdade que nem eles parecem querer conhecer.
A cada dia, presenciamos esse imenso espetáculo circense, onde leões protegem uns e dilaceram outros. Onde o sangue de inocentes é derramado como meio de distrair a plateia, para que verdadeiros golpes de ilusionismo sejam aplicados, e a mágica do sumiço do dinheiro público se consuma.
E perplexos assistimos a este caro espetáculo. Uns maravilhados, outros confusos, alguns poucos desconfiados e todos enganados.

Caríssimo espetáculo custeado por nossos bolsos. Pago com o suor de nosso trabalho.

Ingressos que compramos a cada eleição, quando votamos embriagados nesses césares de plantão.
Nesses falsos heróis de guerra e suas coroas de louro, suas cartolas, varinhas mágicas e abracadabras. Sua conversa fiada, seu “papo-aranha”, e suas assistentes de palco exuberantes de maiôs dourados, que atraem nossa distração jogando pipoca aos macacos (como diria Raul Seixas).
Em outros tempos isso tudo se chamava “pão e circo”. Política atribuída aos césares da Roma antiga. Atualmente chama-se “democracia brasileira”, política exercida na esplanada dos Ministérios e principalmente em nosso tão surrado Maranhão.
Não precisamos de espetáculos de Césares ilusionistas, de heróis de plantão. Não precisamos de vedetes jogando abacaxis, pepinos e outras demonstrações de humilhação barata para a platéia.
Não precisamos continuar pagando por esse espetáculo grotesco. Por essa humilhação enganosa. Não precisamos continuar pagando para que nos roubem.
As riquezas naturais de nosso país e de nosso Estado são nossas. Os rumos de nossas vidas devem estar em nossas mãos, não nas mãos de imperadores e suas coroas de louro. Mãos sujas com lagostas e dinheiro mal lavado oriundos do crime, da miséria e da morte de milhares de cidadãos de bem.
Não precisamos continuar pagando para participarmos desse imenso circo no papel de palhaços.
Não podemos continuar sustentando esse circo de horrores, esse golpe de magia, essa arena de falsos generais.
Quando estivermos este ano diante das urnas, devemos nos lembrar de tudo o que assistimos durante todos esses anos. Das velhas caras que sempre estiveram sorrindo ao lado dos leões enquanto o povo era dilacerado pela criminalidade, pela fome, pela doença, pela miséria, pela total imoralidade dos donos desse circo romano.
Devemos nos lembrar que é no momento do voto que escolheremos comprar um ingresso para mais um espetáculo de 4 anos de duração, ou ser intolerante com estes abusos e mistificações e dizer: “não, obrigado”.Negar-lhes nossos votos é a única maneira de exterminarmos este circo romano e seus césares de nossa política e de nossas esforçadas vidas.
Pois pois…
“ao povo o que é do povo. A césar nem mais um tostão.”

(Lulu Santos – músico, cantor, compositor, talvez o último romântico dos litorais desse Oceano Atlântico.)

INDIGNAÇÃO
- Com tudo o que tem acontecido, pessoas morrendo degoladas nas cadeias, pessoas morrendo queimadas nos ônibus, policiais sendo assassinados tanto no exercício de suas funções quanto no descanso de seus lares, a dignidade da pessoa humana sendo violada dentro e fora de nossos presídios, o descaso do governo de nosso Estado para com uma situação que não é de hoje, mas de anos e anos do mesmo descaso, com a população amedrontada em suas casas, fugindo das ruas, dos ônibus, das áreas públicas, ainda tem gente que, sem um pingo de vergonha na cara, sem o menor pudor, sem o menor escrúpulo, tem a cara de pau de, com o dinheiro público, lançar uma campanha intitulada “Eu amo o Maranhão”.
VERDADE
- Tapar o sol com a peneira, fingir que tudo está uma beleza, dizer que o mundo é azul, trocar de roupa, fazer chapinha no cabelo, pintar os bigodes ou dizer que ama o Maranhão não resolve de maneira alguma a situação. Tais atitudes só reforçam a certeza de que tais pessoas amam o Maranhão de uma forma, digamos, “do jeito deles”…
- Amar é colocar aquilo que se ama acima de nossas próprias necessidades. Não é buscar nossos próprios interesses às custas daquilo que se ama.
- Este ano é ano de eleições. Não deixemos que o carnaval e a copa do mundo nos faça esquecer…

*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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