quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

UM MUSEU DE GRANDES NOVIDADES...

“A tua piscina tá cheia de ratos. Tuas ideias não correspondem aos fatos. O tempo não para. Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para…”

Cazuza_ae
“Transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro…”
Cazuza tira um sarro de você que não faz nada…

A música “O tempo não para”, do eterno Cazuza, poeta debochado que riu e cuspiu na cara de toda a hipocrisia de nossa pseudo-elite social e política, é a trilha sonora perfeita para mais uma passagem de ano em um país que passa ano, passa ano, passa ano, passa ano…
Mais um especial do Roberto Carlos, mais um show da virada, mais uma São Silvestre, mais uma palhaçada de mau gosto do Didi, mais uma temporada sacal de vídeo-cassetadas do Faustão e de danças de famosos.
Mais um peru de natal, mais panetones e mais contas pra pagar para a classe média. Para os menos abastados (maioria absoluta de nosso miserável Estado), mais sonhos despedaçados, mais desgosto, mais sofrimento e, claro, mais desilusão para as inúmeras crianças que passaram fome à espera do “bom velhinho” da Coca-Cola, que, infelizmente, não apareceu.
Mais um carnaval, mais uma copa do mundo, mais uma eleição. Mais promessas e promessas e promessas e promessas… Mais escândalos, mais pobreza, mais corrupção, mais falta de vergonha na cara de nossos representantes. Mais miséria, mais ignorância, mais doenças, mais novelas, mais escândalos do governo, mais gente enriquecendo às custas do dinheiro público, do empobrecimento de nossas cidades, de nosso povo, de nossas instituições democráticas, de nossas almas.
Mais novos falsos messias aparecendo para salvar o povo usando dos mesmos meios escusos utilizados por aqueles dos quais precisamos ser salvos. Acompanhados das mesmas pessoas que enfeitam nossas colunas sociais desde antes de nascermos. Sempre sorridentes, sempre adornados de jóias, sempre bem vestidos (apesar da falta de classe), sempre arrotando caviar e cheirando a corrupção.
Mais mentiras culposas e mais desculpas mentirosas. Mais novas e antigas amizades políticas de ocasião. Novos penteados para as mesmas enrugadas caras. “Sempre mais do mesmo”, como disse Renato Russo.
E claro, como não poderia deixar de ser, mais esperança. Afinal, como sempre dizem por ai, a esperança é a última que morre. E, em meio a tantas “novas” novidades, segue velha apenas uma antiga pergunta:
Até quando esperar?
Pois pois…

*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.
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Blog pessoal: edsontravassosvidigal.blogspot.com.br

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