domingo, 23 de março de 2014

QUEREM QUE SEJAMOS SEMPRE BICHOS!

“O que há de errado no mundo? Meus olhos já não podem ver. Eu estou do jeito certo pra qualquer compromisso assumir. É assim que me querem. Sem que possa pensar. Sem que possa lutar por um ideal”.
A música “É assim que me querem”, da banda de rock paulista IRA! explica muito bem o mecanismo de dominação utilizado pelos “puderosos” que nos governam desde tempos imemoriais, principalmente por aqui, nestas terras ricas de poetas e de palmeiras de babaçu.
É mais fácil conduzir a população com a chibata, tocada como gado manso na boiada, do que guiá-la por meio de um processo legítimo de formação de consensos a partir de discussões sérias e argumentos bem fundamentados.
Não se vê em nossa política a coerência entre palavras e ações. Não se vê a discussão verdadeiramente crítica, comprometida com a verdade, com a solução sincera dos problemas que tanto nos afetam.
Não se vê a busca pela capacitação de nossa população. A preocupação pela qualidade de nossos debates, pela qualidade de nossas palavras, de nossos pensamentos, de nossa forma de ver e entender o mundo que nos cerca, a fim de que sejamos capazes de tomar as melhores decisões, fazer as melhores escolhas. Decidir de forma consciente, crítica, segura, o que é melhor para nós. O que de fato queremos.
Nossos governantes têm nos tratado como bichos de uma grande fazenda. Uma daquelas tantas que o nordeste tem aos montes, dominadas por ricos coronéis. Eles têm nos tratado como bichos domesticados, mansos, ignorantes, tolos e ocupados em seus trabalhos diários em busca da sobrevivência. Forçam-nos a um eterno “ciscar a terra” em busca de punhados de milho e de restos de comida jogados por seus jagunços na poeira de seus ricos quintais.
Isso para que estejamos tão ocupados em ciscar que não tenhamos tempo de pensar. De refletir, de entender, de criticar, de cobrar, e de finalmente lutar para que nos libertemos dessa nossa verdadeira “vida de gado”. Para que deixemos de ser esse “povo marcado”, esse “povo feliz” que tanto cantou o Zé Ramalho.
Precisamos entender que, enquanto nossas vidas forem apenas “pão e circo”, apenas encher a cara indignado e reclamar sem entender muito bem o que está acontecendo, achando graça das “picuinhas politiqueiras” dos jornais e da TV, seremos sempre tratados como bichos, como idiotas, como o gado manso da boiada. E, pensando que estamos nos divertindo, somos é motivo de piadas para aqueles que nos mantêm assim neste estado.
É necessário entender que só nos libertaremos dessa escravidão velada por meio do estudo, da educação. Por meio de nosso empoderamento pessoal enquanto cidadãos. Por meio de nossa inclusão política. Por meio de nossa participação efetiva e constante na condução de nossa política.
Faz-se necessário entender que é da política que depende o preço do feijão, do arroz, da farinha. É da política que depende se temos ou não transporte público de qualidade, se temos ou não água e esgoto em nossas casas, se temos energia elétrica, se temos coleta de lixo, se temos escolas, hospitais, e, principalmente, é da política que dependemos para fazermos valer nossos direitos, para nos protegermos contra o abuso de poder político de nossos governantes, e contra o abuso de poder econômico dos bancos, das empresas de telefonia, das financeiras e de toda essa gama de problemas que enfrentamos como moscas em nosso dia a dia.
Participar da política não é apenas reclamar, xingar, esbravejar. É, principalmente, agir como cidadãos, como protagonistas dessa história. E para tanto é necessário aprender, estudar, ler, ouvir, pesquisar, preparar-se para exercer o senso crítico, para ter ideias, para propor soluções. É preciso crescer!
Por isso sempre digo que o verdadeiro político, o verdadeiro líder, o verdadeiro representante da sociedade, é aquele que guia seus concidadãos de forma consciente, que estimula a educação, que estimula o senso crítico. Que trabalha para ensinar cada um a lutar por seu crescimento individual, pela melhoria de sua cidade, de sua política, de sua vida.
Ao contrário, o falso político – o “puderoso de plantão” – não quer que nos conscientizemos de nada. Não quer que cresçamos.
Tais “puderosos” apenas querem que continuemos ciscando o chão para todo o sempre, levantando poeira em busca dos restos de seus luxuosos banquetes, que são jogados aos porcos, às galinhas, aos cabritos, e a nós, povo marcado, povo feliz…
Pois pois.
“É assim que me querem.
Sem que possa pensar,
Sem que possa lutar
Por um ideal.”

(Edgard Scandurra e Nasi – músicos da banda de rock paulista IRA!)
VERDADE
- Semana passada foi instalado na Praça Deodoro, pela Prefeitura de São Luís, um “Lixômetro”, aparelho destinado a medir a quantidade de lixo produzido em uma determinada área da cidade, chamando a atenção da população sobre os seus deveres quanto à produção e descarte correto de resíduos. Somente no primeiro dia da ação, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) recolheu 450 quilos de resíduos num período de 8 horas após a instalação.
- A cidade é reflexo de nossas vidas, e nossas vidas são reflexo de nossa cidade. Se queremos nos sentir bem, precisamos aprender a cuidar do que é nosso. Não é aumentando a quantidade de garis que teremos uma cidade limpa. É conscientizando a população de que pequenos gestos fazem muita diferença. Parabéns à Prefeitura de São Luís por essa iniciativa. A verdadeira política é aquela que liberta. Que nos torna melhores.
*Edson José Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Blogueiro do Jornal Pequeno, assina a coluna “A Cidade Não Para” no mesmo jornal, às segundas-feira, tratando de assuntos relacionados à política e à cidadania, com arte, indignação e verdade.
Siga EDSON VIDIGAL no TWITTER!
CURRÍCULO LATTES:

E-MAIL: contato@edsonvidigal.com.br
BLOGS:

Nenhum comentário:

Postar um comentário