domingo, 22 de junho de 2014

Ei, povo brasileiro!



Por Edson Vidigal *

“Ei, povo brasileiro! Não ponha suas crianças nas ruas para mendigar. Pois a saída de nossos problemas é a educação. Se você não teve sua chance, dê a seus filhos então…”

Concordo com os versos da música “Povo brasileiro”, da banda Natiruts. Penso que a única solução para os problemas que enfrentamos é a educação de nossas crianças. O real investimento que podemos fazer para o nosso futuro. 

As crianças de hoje, se bem cuidadas, preparadas, educadas, serão os bons pais de amanhã, os cidadãos conscientes e preparados do futuro, os políticos sérios das eleições vindouras. 

Por outro lado, se deixadas à sua própria sorte, serão os pedintes nas ruas, os bandidos nos presídios, os malandros nos bares e ruas, os nojentos “puderosos de plantão” de nossa política.

É triste ver “meninos nos sinais, mendigos pelos cantos, e o espanto nos olhos de quem vê o grande monstro a se criar”, como diria Hebert Viana (exemplo de perseverança, força de vontade e amor à vida e à arte).

Não é de asfalto e cimento que nossa sociedade precisa. É de educação de qualidade. De professores preparados, comprometidos e respeitados. De escolas que propiciem uma experiência saudável e prazerosa para as crianças, para que possam atrai-las para o aprendizado, afastando-as das drogas, da marginalidade, da malandragem, do caminho mais fácil que leva à perda da própria dignidade, que leva até mesmo à morte.

Precisamos abrir os olhos, deixar de sermos imediatistas, iludidos, enganados. Ingênuos que pensam que existem soluções miraculosas que resolvem da noite pro dia problemas crônicos que nos assolam há séculos.

Só resolveremos nossos problemas pensando não em nós, mas em nossos filhos, em nossos netos. O nosso tempo já está passando. Já estamos pagando por nossos erros, pelos erros dos que vieram antes de nós.

O que podemos fazer agora é impedir que nossos filhos paguem por nossos erros. Impedir que eles continuem pagando por erros de outros, em uma história que, se deixarmos, se repetirá ao infinito. 

Precisamos abrir mão de nossas mesquinharias, de nossos falsos deuses, de nossas vaidades e de nossa visão interesseira e de nossa tendência de apenas querer obter vantagens pessoais imediatas.

Nossas crianças são o futuro, a única coisa de real valor que realmente temos. Precisamos investir nelas, para o bem do futuro de todos.

No futuro, estaremos velhos, e estaremos todos, sem exceção, nas mãos das crianças de agora. Se esse futuro será bom ou ruim, só depende das decisões acertadas ou erradas que tomarmos agora. 

Só depende de nós.

Pois pois.

“AS CRIANÇAS SÃO O FUTURO, MAS O PRESENTE DEPENDE MUITO DE VOCÊ…” (Alexandre Carlo - vocalista da banda de reggae “Natiruts”)

INDIGNAÇÃO

- Falando em POVO brasileiro, lembro-me que, desde a semana passada, estão acontecendo as famosas convenções partidárias, onde, na teoria, os militantes de cada partido se reuniriam e, democraticamente, discutiriam ideias, propostas, e elaborariam plataformas políticas a serem apresentadas à população, juntamente com os seus candidatos, que, também, seriam escolhidos democraticamente pelos filiados. Por aquela parcela do POVO que aderiu à ideologia e ao programa de cada um desses partidos.

- O problema é que, na prática, o que vemos são eventos artificiais, onde os “puderosos de plantão” simplesmente oficializam os candidatos que foram previamente escolhidos a dedo por tais “caciques”, tendo por critério nada mais que os interesses pessoais desses “cartolas” de nossa política.

- Existem exceções, mas a regra é que os candidatos escolhidos, as coligações acertadas e todos os demais “arranjos” com vistas às eleições passam longe do interesse do POVO, que é expurgado desse processo de escolha (conveniente apenas aos interesses pessoais dos caciques de cada partido).

- Na visão destas criaturas, o POVO é apenas uma massa disforme, ignorante e mansa, obrigada a legitimar os candidatos que lhes forem apresentados, sejam eles quais forem. Ou seja, a democracia, o famoso “poder do povo”, passa longe de todo esse processo. Não me admira a completa apatia demonstrada pela população em relação a este importante momento, que impactará nos próximos 4 anos de nossas vidas. Ainda mais com uma “oportuna” copa do mundo acontecendo ao mesmo tempo…

- A célebre frase de Justo Veríssimo bem traduz o sentimento de nossos “puderosos de plantão”: “Eu quero é que o povo se exploda”!

*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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