segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

QUEM ATIRARÁ A PRIMEIRA PEDRA?


“Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”, desafia a instigante Pitty em sua música “Teto de vidro”. E me pergunto: Quem nunca pecou?
Por isso não acredito em atacar pessoas. Em dar nomes aos bois. Mas, sim, em canalizar a indignação das pessoas para o verdadeiro mal: a ignorância da verdade, a corrupção do sistema instituído.
Não acredito na crucificação de outros como solução. Acredito no auto-sacrifício diário em prol de um ideal. Acredito em mudar a sociedade por meio do exemplo pessoal.
Precisamos entender que a missão de um político sério em nossa sociedade não é eleger-se a qualquer custo. Ao contrário, é lutar pela conscientização do eleitor.
Usando das mesmas práticas que a corja da política nacional usa para se eleger e se manter no poder, estamos colaborando para que eles sempre lá estejam.
Usando de barganhas políticas envolvendo trocas de cargos, utilização de dinheiro público por meio de repasses voluntários dos entes federativos ou mesmo de ilicitudes licitatórias e de prerrogativas de cargos e funções, prestamos indecoroso desserviço à sociedade, desonramos nossos pais, avós e demais antepassados e, da mesma forma, legamos exemplo vergonhoso a nossos filhos e netos.
Comprando aqueles que se auto-intitulam “líderes comunitários”, que nada mais fazem que ganhar a confiança de suas comunidades para logo em seguida trai-los vendendo seus votos a quem pagar mais, apenas estamos perpetuando a corrupção de todos de nossa sociedade, estimulando o surgimento de falsos líderes, e ficando nas mãos de pessoas que não valem nem a sujeira que fazem ao chafurdar na lama.
Ao se utilizar de práticas vedadas pela legislação eleitoral, tais como artifícios hipócritas e marginais como o desvirtuamento da propaganda partidária, ou a utilização descarada de propaganda eleitoral extemporânea, estamos nos desmascarando e nos mostrando iguais a esses bandidos que se escondem por trás de togas, sejam cândidas, ou sejam escuras.
Ao político sério não deveria interessar o voto sujo, o voto comprado, o voto de curral, o voto imbecil e alienado, mas apenas o voto consciente.
Na verdade, se os políticos que se dizem sérios usassem em trabalhos de conscientização do eleitor o que gastam para se eleger; se quando eleitos, não passassem seus mandatos infringindo a lei e os princípios da Administração Pública a todo instante buscando a autopromoção e a posterior reeleição, e, ao invés, utilizassem suas prerrogativas e sua exposição durante os 4 anos de mandato para este mesmo ideal de conscientização, essa bandalheira já tinha acabado há muito tempo.
Mas o vírus do poder acaba por contaminar muitos daqueles que se dizem probos, sérios, comprometidos, que acabam por mentir para si mesmo desde a hora que acordam até a hora que dormem, tentando convencer a si e a todos de que ainda são pessoas sérias, diferente das vergonhosas pessoas que se tornaram, movidas por vaidades e obsessões.
Tentam se convencer da famosa frase atribuída a Maquiavel por aqueles que nunca leram uma página sequer da obra daquele brilhante filósofo político: “Os fins justificam os meios!”
Ocorre que, primeiro, Maquiavel nunca disse isso, e nunca diria, pois todo o seu pensamento é voltado para a “virtude”. Depois, cada porta que se escolhe entrar, necessariamente leva ao seu respectivo aposento. É muita ingenuidade achar que se abrindo a porta da lixeira, se chegará ao jardim.
Por isso faço este apelo aos políticos que ainda acreditam ser sérios:
Abram os olhos. Olhem-se no espelho e busquem ver se ainda existe diferença entre cada um de vocês e eles.
Se ela não existe mais, sempre é tempo de voltar atrás. Basta coragem.
Se ela ainda existe, continue lutando, a cada dia de suas vidas, para que esta diferença sempre exista.
Ainda acredito na política e nos poucos homens sérios que por aqui estão.
Ainda acredito que os políticos sérios não cederão a este sistema corrupto que nos foi imposto, e mudarão a sociedade, com persistência, com honra, com honestidade, com auto-sacrifício, com o seu exemplo.
Tento lembrar sempre das sábias palavras de Rocky Balboa: “Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha.”
Pois pois…
“EU QUERO VER QUEM É CAPAZ DE FECHAR OS OLHOS E DESCANSAR EM PAZ.” – Pitty – Linda e ousada cantora baiana de punk-rock.
INDIGNAÇÃO
- Em nosso federalismo capenga, os municípios dependem de forma relevante de recursos dos Estados e da União. Diariamente aparecem em blogs e jornais “trocentas” fotos de assinaturas de convênios e contratos de repasse de recursos do Estado para inúmeros municípios comandados por aliados políticos deste atual governo. São Luís, com mais de 1 milhão de habitantes, e demandas proporcionais a este número, não obstante a pública e notória disposição de sua prefeitura em realizar parcerias com o governo do Estado de forma suprapartidária, tendo em vista o bem da coletividade, ainda não teve o prazer de aparecer nestas alardeadas fotos recebendo os recursos que são devidos aos ludovicenses por serem, também, maranhenses. A democracia deste Estado funciona só para alguns?
VERDADE
- Este ano é ano de eleições. Não deixemos que o carnaval e a copa do mundo nos faça esquecer. Pense bem. Os próximos 4 anos de sua vida dependerão disso.
*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.
Twitter: Edson_Vidigal
Facebook: edson.vidigal.36
e-mail: edsontravassosvidigal@gmail.com
Blog pessoal: edsontravassosvidigal.blogspot.com.br

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