quarta-feira, 21 de maio de 2014

SOMOS TÃO JOVENS…


Por Edson Travassos Vidigal*

“Todos os dias, quando acordo, não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo. Todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia. Sempre em frente! Não temos tempo a perder…”

Renato Russo, em sua música “Tempo Perdido”, nos lembra que, apesar de já termos perdido muito de nosso precioso e finito tempo, ainda somos jovens, e não temos tempo a perder.

Não temos tempo a perder com vaidades, promessas, mentiras e outros vícios que nos são impostos por uma sociedade hipócrita que se reinventa em sua mesmice a cada carnaval, a cada Copa do Mundo, a cada eleição…

Não temos tempo a perder com discursos demagógicos e promessas jogadas ao vento. Com pessoas que trocam acusacões seríssimas entre si em um dia, e no outro, por puro oportunismo e conveniência pessoal, trocam abraços apertados, beijos, elogios, agrados e outros favores não publicáveis, chamando a toda essa hipocrisia de “união em favor do povo” (como se algum deles estivesse preocupado com algo mais além de seus devaneios de poder).

Não podemos mais perder tempo com pessoas que passaram suas vidas dando provas de sua má-fé, de sua desonestidade, de sua imoralidade, de sua ganância, de sua falta de comprometimento e de preparo para o exercício das funções a que se propõem.

Precisamos ser donos de nosso tempo, de nossas escolhas, de nossas vidas, de nossos destinos. Somos jovens, e como disse Renato, “temos nosso próprio tempo”. E esse tempo é agora.
Pois pois.

“NOSSO SUOR SAGRADO É BEM MAIS BELO QUE ESSE SANGUE AMARGO…” (Renato Russo - Músico, poeta, líder da Legião Urbana que, com palavras, marcou os ideais de toda a “Geração Coca-cola”)

INDIGNAÇÃO

- Semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou pesquisa que mostra que a abstenção dos eleitores causa prejuízo aos cofres públicos. Segundo os dados, nas eleições presidenciais de 2010, a Justiça Eleitoral gastou R$ 195,2 milhões a mais por causa dos 29 milhões de eleitores que não compareceram às urnas. Considerando os votos brancos e nulos (que são as manifestações de eleitores que foram às urnas, mas não escolheram nenhum dos candidatos), há um acréscimo de R$ 60,7 milhões no custo total do pleito. As cifras estão baseadas no custo médio do voto para o Brasil no pleito de 2010, calculado pelo TSE em R$ 3,63 reais por eleitor.

VERDADE

- Quando é conveniente, muito se alega que a democracia não tem preço, justificando, por exemplo, os gastos gigantescos com campanhas eleitorais, com o fundo partidário, com a propaganda política de rádio e TV, com verbas de gabinete e com outros gastos que beneficiam principalmente os donos do poder. Se tais gastos não causam “prejuízo aos cofres públicos”, alguém pode me explicar, por favor, o motivo pelo qual as abstenções, os votos brancos e os nulos causam?

- Quem sabe se o TSE, ao invés de acusar o eleitor de causar prejuízo aos cofres públicos, buscasse entender o porquê da situação, não descobriria que o alto índice de abstenção, de votos brancos e nulos se deve, principalmente, à falta de credibilidade de nossos atuais partidos políticos e dos candidatos que estes “empurram goela abaixo” da população?

- Se de fato o TSE cumprisse seu papel de tutelar a soberania popular (e não os interesses dos candidatos), quem sabe não entenderia que tal fenômeno indica a necessidade de se repensar nosso sistema político eleitoral e, principalmente, as questões relativas à obrigatoriedade do voto e à falta de democracia intrapartidária (que o TSE deveria garantir e não garante)?

- Do jeito que está, vivemos em uma pseudo-democracia, onde os cidadãos são OBRIGADOS a legitimar candidatos que não querem. Somos OBRIGADOS a votar no “menos pior”, no que “rouba mas faz”, no que “é o jeito”, no que “se não tem tu, vai tu mesmo” etc.. Um verdadeiro absurdo!

- Nessas eleições temos que deixar bem claro que não somos obrigados a aceitar o que nos empurram. Vou pesquisar bem na internet cada um dos candidatos que me apresentarem. Se eu não acreditar em nenhum deles, vou anular meu voto e dizer ao TSE e ao Congresso Nacional que eu não quero mais esses (e nunca quis). Quero outros que não estejam viciados em poder. Que de fato me representem. Que se importem com o valor do suor sagrado de meu trabalho.


*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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