domingo, 25 de maio de 2014

ADMIRÁVEL GADO NOVO!


Por Edson Travassos Vidigal*

Vida de gado...


“Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro. É duro tanto ter que caminhar, e dar muito mais do que receber. E ter que demonstrar sua coragem, à margem do que possa aparecer. E ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer…”

As palavras de Zé Ramalho, em sua música “Admirável gado novo” falam por si mesmas. O título da canção faz referência à clássica obra de Aldous Huxley, intitulada “Admirável mundo novo”, publicada em 1932, que conta as mazelas de uma sociedade totalitária que se diz perfeita, onde todos são felizes se drogando com pílulas de felicidade, usando o sexo descomprometido com estranhos como válvula de escape e forma de “agregação social”, onde as pessoas são divididas em classes e incentivadas à aversão e ao ódio aos diferentes. 

Uma sociedade “moderna”, “evoluída”, “civilizada”, onde o amor e a humanidade são selvagerias perversas e criminosas. Um lugar onde, desde antes de nascer, as pessoas já tinham seus destinos delimitados, sendo condicionadas pelo Estado, desde bebês, a gostarem de determinadas coisas e a odiarem outras. A quererem determinadas coisas e desprezarem outras (como o hábito da leitura, por exemplo). 

Um lugar onde relações monogâmicas são moralmente atacadas, as famílias foram aniquiladas pelo bem da coletividade, livros são pecados mortais e todos são levados à ignorância, à falta de senso crítico, à subserviência inquestionável, de forma a bem cumprirem suas funções socias. 

Enfim, esse livro de ficção científica, escrito há quase 1 século, nos fala de uma sociedade hipócrita, discriminadora, onde as pessoas são transformadas em coisas a serviço de seus governantes. 

Onde as pessoas são reduzidas a gado manso, feliz, dependentes totalmente de seus governantes, presas em suas próprias cercas, conduzidas no cabresto da ignorância.

Em 1932 Aldous Huxley pensou que esse fosse ser o nosso futuro. Qualquer semelhança com o cenário retratado por nosso amigo Zé Ramalho é mera coincidência. Só não me perguntem pra onde estamos indo…

Pois pois.

“EH, ÔÔ, VIDA DE GADO. POVO MARCADO, Ê. Povo feliz…”

(Zé Ramalho - Músico paraibano, primo de Elba Ramalho, que cantou os “mistérios da meia noite” de Roque Santeiro)

INDIGNAÇÃO

- Vão chegando as eleições, e com elas os aproveitadores de plantão. Dentre eles, uns tais que se auto-intitulam “líderes comunitários”, que passam anos aprimorando a técnica de intermediar favores entre políticos picaretas e a população carente. Que sabem como ninguém mobilizar a comunidade para greves, passeatas, bloqueios de ruas, piquetes e outras formas de capitalização da indignação da população para com seus representantes eleitos e para com os problemas do dia-a-dia, mostrando aos políticos sua força junto à comunidade e seu poder de persuasão.

- Mas o que boa parte da população não sabe é que a maioria destes que se apresentam como “benfeitores” da comunidade, angariando a confiança das pessoas, lhes fazem afagos com dinheiro que lhes é dado exatamente pelos políticos safados, que causam todos os transtornos que os revoltam. E mais, tais afagos são utilizados justamente para criar um “rebanho” pastoriado por tais “pseudolíderes comunitários”, que, perto das eleições, leiloam os votos de seu “gado manso” ao “puderoso de plantão” que pagar mais (dizem que a cotação está alta, e eles estão recebendo em torno de R$100,00 por eleitor). 

- É uma verdadeira feira-livre de votos. Pois é. Seu voto está sendo vendido e você nem sabia, meu amigo. 

VERDADE

- precisamos abrir os olhos e não nos deixarmos ser manipulados. Muitas manifestações são organizadas com interesses pessoais, politiqueiros, na guerra pelo poder. E nessa guerra, meu amigo, só eles ganham. Nós sempre nos lascamos. Como dizia minha avó: “em briga de pedra, garrafa não entra que sai quebrada”.

- Mas e aí? Então não devemos nos meter na política?

- Pelo contrário. Devemos tomar as rédeas da situação em nossas mãos. Cortar os intermediários. Procurar se informar da verdade pela internet, buscando várias fontes ao mesmo tempo. Reivindicar o que temos direito, de forma séria, dentro da lei e dos bons costumes. Precisamos deixar de ser gado marcado, povo feliz. Juntos, somos MUITOS! E terão que nos respeitar.

*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Especialista em Direito Eleitoral e Filosofia Política, foi servidor concursado do TSE por 19 anos. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.

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